A inflação é um dos conceitos mais importantes da economia — e um dos que mais impacto tem na vida financeira de qualquer pessoa. Mesmo quando não pensamos nela, a inflação está sempre presente: influencia o preço dos alimentos, dos combustíveis, das rendas e também a forma como o nosso dinheiro cresce (ou perde valor) ao longo do tempo.
Neste artigo explicamos, de forma simples, o que é a inflação, como afeta as poupanças e o que podes fazer para proteger o teu património.
🟧 O que é a inflação?
A inflação representa o aumento generalizado dos preços na economia ao longo do tempo. Quando há inflação, o dinheiro perde poder de compra: com a mesma quantia compras menos bens e serviços.
Exemplo simples:
Se a inflação for 5% ao ano, algo que custa 100€ hoje custará 105€ daqui a um ano.
🟥 Porque é que a inflação acontece?
A inflação pode resultar de vários fatores:
- Aumento de custos de produção (energia, matérias-primas, salários)
- Procura superior à oferta (muitas pessoas a comprar, poucos produtos disponíveis)
- Política monetária mais expansiva (mais dinheiro em circulação)
- Choques externos (crises energéticas, conflitos, rupturas nas cadeias de abastecimento)
Independentemente da causa, o efeito é sempre o mesmo: o dinheiro perde valor ao longo do tempo.
🟩 Como a inflação afeta as tuas poupanças
A inflação é considerada o “inimigo silencioso das poupanças”.
Porquê? Porque corroi o valor real do dinheiro que guardas parado.
1. Dinheiro parado perde poder de compra
Se tens o dinheiro numa conta à ordem ou debaixo do colchão, ele não rende nada. Mas os preços continuam a subir.
Exemplo:
- Tens 5.000€ parados.
- A inflação no ano é de 4%.
- No final do ano, o teu dinheiro vale o equivalente a 4.800€ em poder de compra real.
2. Poupanças com juros baixos não acompanham a inflação
Se tens um depósito a prazo que rende 1% ao ano, mas a inflação é de 4%, estás a perder 3% em termos reais.
3. Produtos muito conservadores podem não proteger totalmente
Mesmo produtos seguros como certificados ou depósitos podem não compensar a inflação em certos anos — embora os Certificados da Série F tenham sido, nos últimos anos, uma boa proteção.
🟦 Impacto no longo prazo: o efeito bola de neve
A longo prazo, a inflação tem um efeito devastador se não for combatida:
- Uma inflação média de 2% ao ano reduz o valor do dinheiro em ≈ 50% em 35 anos.
- Uma inflação de 5% ao ano corta o poder de compra para metade em apenas 14 anos.
Isto significa que, sem uma estratégia de investimento, o dinheiro guardado perde valor ano após ano.
🟨 Como proteger as tuas poupanças da inflação
A boa notícia: existem várias formas seguras e acessíveis de te protegeres.
1. Não deixar dinheiro parado
Mantém apenas o essencial na conta à ordem (fundo de emergência e despesas próximas).
2. Usar produtos que acompanham ou superam a inflação
- Certificados do Tesouro
- PPR de perfil equilibrado ou dinâmico
- Fundos diversificados
- ETFs (ações globais, obrigações indexadas à inflação, etc.)
3. Investir no longo prazo
Mercados globais tendem a crescer acima da inflação.
Ex.: ETFs de ações mundiais têm historicamente rendido entre 6% a 9% ao ano.
4. Diversificar as fontes de rendimento
Rendimentos passivos (arrendamento, dividendos, juros) ajudam a compensar perdas.
5. Controlar o estilo de vida
Ter disciplina financeira e evitar consumos supérfluos é uma forma indireta, mas eficaz, de combater o impacto da inflação.
🟫 A inflação pode ser positiva?
Em pequenas doses, sim. Uma inflação moderada (1%–2%) é sinal de uma economia saudável e incentiva as pessoas a investir em vez de manter dinheiro parado.
O problema surge quando a inflação dispara ou é persistente — aí corrói poupanças, salários e reformas.
🟣 Conclusão
A inflação é inevitável, mas as suas consequências negativas não precisam de o ser.
Com uma estratégia de poupança e investimento adequada, é possível proteger — e até aumentar — o valor real do teu dinheiro ao longo do tempo.
No Saber Investir, queremos ajudar-te a compreender estas dinâmicas e a tomar decisões financeiras mais inteligentes, mesmo num contexto económico desafiante.
